ALEGRIA E TRISTEZA



Ana concordara feliz com o casamento apesar de deixar claro algumas exigências: De início, queria que eu concordasse que não teríamos filhos e em seguida, pediu-me alguns exames de saúde onde figurava um teste sobre AIDS. Concordei com a bela moçoila! No primeiro caso, sobre não ter filhos, acho que isto é um caso de negociação do casal e mesmo que ela não colocasse um pé atrás, futuramente, eu já possuía vários filhos de casamentos anteriores e foi fácil acatar tal idéia. No caso dos testes de saúde, só havia um problema: não tínhamos, em Camocim, recursos de laboratórios capazes de atender os anseios da noiva. Detesto ir à cidade grande, mas como não havia outro jeito, viajei para Fortaleza e procurei o HEMOCE, onde eu poderia doar sangue e ter, de graça, os resultados desejados. Assim foi feito e após a colheita do material, marcaram os resultados para quinze dias após. Retornei à Camocim para namorar um pouco mais com a moça e trabalhar nas horas de folga, enquanto os dias se passassem.

Dois fins de semana depois, após muito namoro e algumas aulas de computação, vejo-me novamente rumo à capital para buscar os resultados dos exames o que não prometiam grandes novidades.

No HEMOCE, ao chegar no balcão de atendimento, a jovem atendente, uma morena bonita daquelas com seios grandes querendo saltar aos nossos olhos, pegou o pequeno papel com alguns números que estava em minha mão e afastou-se em direção a um fichário de metal do tipo padrão. Rebuscou entre as gavetas e, por fim, veio de lá com uma pequena pasta de papel na mão. Olhou bem nos meus olhos e disse: O Senhor precisa conversar com a Dra... Fiquei lívido! Bem, as coisas começaram a complicar! Fui lá para pegar o resultado dos exames e não para falar com a Dra!!!

Em meus pensamentos começaram um turbilhão de idéias a girar. A atendente não deixou margem a novas perguntas, afastou-se com a minha ficha nas mão e sumiu numa porta interna... Eu não conseguia coordenar os pensamentos... De repente, tudo desabara sobre mim... Pensei em Aninha. Pensei na lua de mel programada para uma viagem ao Rio de Janeiro. Senti-me arrasado, sentado num daqueles bancos horrorosos de espera em hospital. Foram os quinze minutos mais sofridos da minha vida e, finalmente, fui interrompido pela chamada de meu nome. Entrei no consultório e uma médica jovem com um óculos de linhas elegantes olhou-me e perguntou: O Sr. está sentindo algo? Balancei a cabeça negativamente e sentei em sua frente aguardando a sentença: A Dra. começou a falar, olhando-me de forma profissional: Os exames indicam que o Senhor já teve hepatite e há um acumulo de anticorpos que poderão, num futuro distante, trazer-te alguns problemas! Olhei-a nos olhos e disse: Quer dizer que não tenho AIDS. Posso casar com Aninha???
- Aids? Aninha?? Será que o Sr. pode ser mais claro?? Soprei, com força, o ar dos pulmões, produzindo um ruído do tipo UFA!!! E um sorriso crescia na face da Dra. à medida que eu ia contando as minhas preocupações.
Os anos não perdoam e, a despeito de meus protestos, passam inexoravelmente! O casamento, a viajem de carro e a lua-de- mel no Rio de Janeiro se concretizaram e hoje, cinco anos após, relembro estas horas, às vezes amargas ou alegres, e repasso para vocês como quem transforma um limão em limonada.


Obs.: História retirada da Internet (testemunho).


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